#5 - China: Pequím (Beijing) e a feira noturna de Wangfujing

Era Fevereiro de 2013, não aguentava mais o batuque de samba e ver a Globeleza dançando. Vi aquele mochilão enchendo de roupa, logo saquei que alguem ia viajar. Não pensei duas vezes e achei um espaço para mim! No momento do check-in descobri que estava voltando para onde nasci, todos que olham minha calda sabem ao ver minha tatuagem "Made in China".
2013 - Espetinho de Escorpião em Wangfujing

A China é o maior país da Ásia Oriental e mais populoso do mundo com 1,3 bilhões de pessoas. Membro do grupo de economia emergentes BRICS (Brasil, Russia, India, China e Africa do Sul). O Brasil apesar de também fazer parte está muito atrás quando o assunto é infra-estrutura (metrô, onibus, estradas, tecnologia). Acho que meu "pré-conceito" com a China fez eu ficar espantado com o crescimento planejado que eles tiveram além dos preços praticados pelos serviços de qualidade.

A moeda local é o Yuan (CNY), na cotação de hoje 1 CNY = 0,37 BRL. 

Exemplos:
- A cidade de São Paulo tem 12 milhões de habitantes, possui 6 linhas de metrô com 64 estações totalizando 74 km de extensão em uma área urbana de 7.8 milhões km2 e conta com 1 rodo anel incompleto.
Enquanto Beijing com 19 milhões de pessoas possui 17 linhas de metro, 227 estações totalizando 456 km de extensão em uma área urbana de 16.4 milhões km2 e conta com 8 "rodo anéis".

- O minuto do celular custa 0.02 Yuan, ou seja, menos de 1 centavo de real.
- Passe metrô em Beijing custa 2 Yuan em Xi'An 1 Yuan
- Existem estações de trem que possuem 6 áreas de embarque, mas somente duas são utilizadas. Já foram construídas sabendo que em 5 a 10 anos serão necessárias devido o crescimento do país.

A viagem para Beijing não foi das mais tranquilas. Ao chegar em Frankfurt para fazer conexão, ainda na área de transito recebemos a notícia que nosso vôo não existia. Poderia ser atraso ou cancelamento, mas um vôo não existir para mim era novidade. Passamos pela alfândega rumo ao guichê da Air China. Para piorar a situação não havia nenhum funcionário. Vimos uma chinesa que parecia ser passageira e também estava meio perdida. A mesma coisa tinha acontecido, estava aguardando um funcionário voltar com a resposta. Aparentemente foi algum erro no sistema de sites que vende passagem (decolar, expedia e etc...). Quando o camarada chegou, a moça falou em chinês explicando nossa situação. Ufa resolvido, um vôo para as 20h... Como ainda era meio dia, resolvemos pegar um ônibus para o centro de Frankfurt e conhecer a cidade por algumas horas, contarei em outro post. 
O trecho Frankfurt - Beijing foi uma prévia do que eu ia encontrar na China. Talvez seja cultural, mas o chineses são folgados, gritam, arrotam, não respeitam filas, mastigam de boca aberta fazendo muito barulho no qual é possível ver pedaços de comida voando e por ai vai... Logo após a janta dentro do avião me senti em um lago de noite com o coral dos sapos querendo acasalar... era um arroto atrás do outro.

A alfândega foi tranqüila. Brasileiros precisam de visto para entrar na China e o modo mais fácil de tirar é com alguma agência de turismo. Paguei R$200,00 pelo visto de 1 entrada e leva cerca de 15 dias para ficar pronto. Atenção para quem pensa em ir para Hong Kong e Macau (locais que brasileiros não precisam de visto), pois uma vez que sai da China Comunista o visto de uma entrada não vale mais. Então ou tira visto de multiplas entradas ou faça um roteiro que não precise retornar.

Era hora de ir até o hostel, uma grande aventura pegar um ônibus no aeroporto que ia nos largar em algum lugar que não fazíamos a mínima idéia. Nossa grande sorte é que havia um terminal de ônibus logo na saída do terminal do aeroporto que estavamos. Assim foi fácil pegar um lugar e acomodar as malas. Nos pontos seguintes era um caos. Teve um ponto que quando o ônibus chegou, as primeiras pessoas da fila tinham malas grandes e foram até a parte de trás do ônibus (por fora) para guardar as coisas antes de subir. Enquanto isso as pessoas que não tinham mala foram entrando, assim o ônibus lotou. Aqueles que tinham guardado a mala ficaram tentando entrar no ônibus empurrando as pessoas que estavam dentro. Nesse momento já comecei a rir da situação. O motorista sinalizou que ninguém mais entraria, fechou a porta e começou a andar. Os chineses que não entraram, começaram a correr atrás do ônibus e provavelmente estavam gritando para parar, porque queriam pegar as malas. No final o motorista parou e elas puderam pegar as malas de volta. Estas pessoas que eram as primeiras na fila quando o ônibus chegou, tiveram que ir para o final da fila do próximo ônibus pois outros chineses já haviam cortado a frente delas novamente.
2013 - Espetinhos... tarantura, minha favorita!

Chegando no ponto final, seguimos algumas instruções que tinhamos anotado e de repente vimos uma placa em um beco, era o caminho para o hostel. O lugar era simples, chamado Sunrise Hostel perto do Tian An Men Square. Ficar em albergue em Beijing vale muito a pena, nossa reserva de 3 noites pagamos R$28, menos de 10 reais por dia. Quarto com 3 beliches sem café da manhã. No final acabamos ficando um dia a mais por cerca de R$12 em um quarto duplo. Após deixar nossas malas no quarto fui para o bar/lobby/restaurante do hostel, lá conhecemos outros viajantes solitários e partimos para desbravar a cidade. Em Beijing têm bastante coisa para fazer, é necessário no mínimo 4 dias para visitar os pontos turísticos mais famosos. Hoje só contarei da feira de Wangfujing. 

2013 - Sunrise Hostel
Para muitas pessoas no Brasil, quando o assunto é comida na China já vem na cabeça aquelas coisas exóticas... no caso de Beijing a feira noturna de Wangfujing é o local pra isto. 

A feira possui cerca de 100 metros, cada barraca serve um tipo de comida. Todas elas são bem organizadas e seguem requerimentos higiênicos (nem tanto) impostos pelo governo. Em cima de cada barraca está escrito o que está a venda assim como o nome do vendedor. A culinária é bem vasta, mesmo para aqueles que não querem provar comidas exóticas vale a pena ir, seja para olhar ou provar outras coisas. As opções são várias: gafanhoto, casulo, aranhas, escorpiões, lagartos, cobra, estrela do mar, testículo, intestino, rim de bode e por aí vai.

Pensei, sou uma beluga e me alimento de plânctom que
2013 - Devorando um escorpião
inclui crustáceos microscópicos.. então comer outros artrópodes um pouco maiores não vai me fazer mal. Fui disposto a comer escorpião, saí de lá com uma tarântula e uma cobra no estômago. O escorpião e a aranha tinham sabor de pipoca já a cobra sabor de peixe. O preço dessas comidas exóticas  é muito maior do que comer em um restaurante normal. Um espetinho de escorpião preto custa 80 Yuan (R$25).  A feira noturna de Wangfujing foi feita para turistas. Os próprios chineses (modernos) ficam espantados com os turistas que vão lá e provam estes espetinhos. Acredito que esse tipo de alimento foi comum em época de guerra quando não havia comida e também no interior do país onde há muita pobreza. Não vimos nenhum local provando essas iguarias.

Como não dava para matar a fome comendo esses snacks de exóticos, fomos para um restaurante/muquifo do outro lado da rua que devia ter no máximo uns 3x3m, era bem simples e um pouco sujo mas a comida era muito boa e barata. Um pote com bastante lamen (miojo/noodles) 10 Yuan (R$4) e porção com 10 bolinhos recheado com carne e legumes 4 Yuan (R$ 1,25).

2013 - Noodles e dunplings
 Essa foi minha primeira noite em Beijing, em outros posts contarei da Muralha da China, Palácio de Verão, Zoológico de Beijing...
2013 - Restaurante muquifo







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